domingo, 6 de março de 2011

Conhecimento e crença


O número de ateus e agnósticos está em crescimento vertiginoso. Isso se dá por uma maior racionalização e acessibilidade de conhecimento através da internet. Se surge qualquer dúvida, lá está o google e a wikipedia para nos ajudar (desde que sejam confiáveis os índices). Mas concomitantemente a isso, surge um problema, ou uma discussão, entre o agnosticismo e o ateísmo.

O principal argumento agnóstico é que não é possível saber se há ou não deus, e devido à falta de evidências empíricas, não se deve alegar a existência ou não de deus. Até aí tudo certo, eu concordo, mas defenderei meu ponto de vista ateu.

Na ciência, quando um argumento é criado, surge a necessidade de sua demonstração empírica, sendo, até lá, encarado com ceticismo, e até negação. É uma construção que deu certo até hoje, e está sendo usada na suposta maior revolução da física de todos os tempos: a teoria das cordas.

Não se pode dizer, hoje, que a teoria das cordas é verdadeira, ou falsa. Porém, cabe aos teóricos provar que ela é verdadeira. Mas aqui surge um paradoxo interessante.

A um tempo eu participei de um congresso promovido pelo astrofísico brasileiro Marcelo Gleiser, que passou duas ideias, inerentes ao assunto aqui discutido, embora indiretamente paradoxais. A primeira ideia é a de que ele era agnóstico. A segunda, era que ele não acreditava na teoria das cordas.

A teoria das cordas, assim como deus, não foi provada ainda, logo, argumentativamente, está na mesma posição de que deus. Sejamos francos, o ateísmo é uma crença, uma crença na não-existência de deus, e é tão normal quanto falar que acredita que a teoria das cordas não é verdadeira.

Eu não acredito em yettis, não acredito em ovinis (em ET sim), não acredito em certas teorias conspiratórias e não acredito em atlântida. Todos esses casos não possuem prova factual de sua existência, por que deus seria diferente?

Certo, talvez alguns agnósticos não queiram ferir o ego de nenhum dos lados e continuar na sociedade de maneira pacífica e feliz. Não é o meu caso, muito embora eu me considere ateu agnóstico. Por quê?

O que eu discordo do agnosticismo é seu purismo, ele por si só não é funcional, é como dizer "tanto faz" quando sua mãe pergunta o que você quer de almoço. Mas, quando se une ao ateísmo, formam uma dupla argumentativa excelente: Eu não tenho certeza, pois não existe prova empírica, mas eu acredito que deus não exista.

Gnostos em grego significa conhecimento. Agnosticismo, portanto, é a falta de conhecimento sobre um determinado assunto, isso não impede que haja crenças relativas a essa falta de conhecimento.

Simples assim. Não há como fugir do fato de que nós, seres humanos, nascemos com a capacidade de ter crenças, e se for para usá-la, que seja da maneira mais racional e científica: até que se prove o contrário, tanto deus, quanto a teoria das cordas são passíveis de ceticismo.

E sim, infelizmente eu acredito na teoria das cordas, é muito legal. :)

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