sábado, 27 de novembro de 2010
La Guitarra Española
É certo que as minhas participações no blog são relativas à filosofia. Para mim, as abordagens filosóficas são tão abrangentes que posso dizer com firmeza que a música é, também, uma expressão metafísica do ser humano. E nada melhor para começar com esse novo trend do que a música espanhola, mais precisamente a guitarra espanhola, que para mim é a melhor técnica existente no violão.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
A Experiência de Stanford
Por Marcelo del Debbio em Teoria da Conspiração.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Uma sociedade de tijolos e cristal.
Se você alguma vez já viu algum episódio de Star Trek, você pode se lembrar dos vulcanos. Se não viu, explico. Os vulcanos são uma espécie humanóide que vive no planeta de mesmo nome e cuja filosofia é a de negação de emoções, em outras palavras, a elevação da razão.
Pode parecer familiar, e é. Na verdade, a quantidade de escolas filosóficas usando do mesmo princípio é enorme, podemos citar o estoicismo, o cristianismo e o budismo só a título de exemplo. Ignorar emoções como o ódio, a inveja, e pregar o perdão pode parecer excelente, uma forma de manter a sociedade una e harmônica. Seria, se não fosse pura utopia.
O que ocorre é que nós somos um pouco pretensiosos ao achar que somos racionais, e que somos a espécie mais inteligente, mas nos esquecemos que todas nossas ações (sim, todas) são governadas por instintos. Por exemplo, se eu estou com fome, vou comer, pois é meu instinto comer. Se estou apaixonado, é porque tem um instinto de propagação da espécie que me faz procurar uma parceira e cuidar dela e de minha prole futuramente.
Quando um instinto é negado, através de outro instinto – que teimamos em chamar de razão – negamos a própria natureza. Hoje sabemos muito bem o que a natureza faz, quando você a ignora ou a trata mal: como um grande deus malévolo, ela se volta contra nós. E isso é muito perceptível para você que é fã de Star Trek: quando um vulcano perde o controle de suas emoções, o que eventualmente acontece, parece potencializá-la, liberando toda a emoção contida e negada.
A sociedade dos vulcanos então é edificada em uma grande base de cristal: qualquer evento que venha a liberar emoções de alguém, certamente liberará, também, um caos massivo que a destruirá. A antiga ideia de perdoar e amar seus inimigos nada mais é do que uma bomba-relógio, que eventualmente explodirá. Descontar no inimigo na primeira vez que este lhe aborrece, parece ser bem mais proveitoso do que descontar futuramente, quando ele lhe aborrecer tanto que lhe faz pensar “para mim chega, não o aguento mais!”
Essa é a influência emocional que age de fora para dentro. É a pressão externa que age a todo momento, em todas as pessoas, influenciando seu comportamento, podendo ser negada, como mostra a filosofia tradicional, ou pode ser aproveitada, senão, vejamos.
Para demonstrar um evento bem comum – quando alguém sofre uma decepção amorosa. Dependendo do quão forte for essa decepção, com certeza na próxima você vai estar mais preparado para enfrentar de forma mais madura, sabendo agir no momento certo.
Há ainda de se considerar o outro lado da moeda, quando a vítima das emoções é você mesmo. Esse é o tipo de influência emocional que age de dentro para fora. É a influência que você dá ao mundo através de suas emoções. De um lado, temos uma filosofia de perdão, de contenção da tristeza, por exemplo, já que é assegurada que todos os eventos no mundo tem um propósito, seja esse evento bom ou ruim, mas cuja razão é boa para todos. Por outro lado, qualquer evento que venha necessitar de um maior preparo emocional, vai destruir aquele que sempre se escondia na sombra de uma ideologia acalentadora.
Imagine assim: você e um amigo fazem uma aposta, em um ano cada um tentará levantar um peso de 100kg. Seu amigo, achando-se forte e dominado pela ideia que só ele ganhará a aposta, não treina, ao contrário de você, que está lá na academia sofrendo de dores a todo instante. Não precisa de tanta reflexão para saber quem ganhará a aposta. Você, ao contrário de seu amigo, não se apoiou em uma ideia, mas em uma ação, e isso fez toda a diferença.
Assim também é em relação às emoções. Se a cada tristeza você supor que é para o seu bem, depois de certo tempo você perceberá que não se tornou tão forte quanto se tivesse tomado a decisão de agir.
Uma sociedade que se baseia na justiça, no sentido mais puro da palavra, através de positivação dos sentimentos de aceitação dos instintos, parece também ser caótica. Como combinar o melhor dos dois para se chegar a uma harmonia social? Cada cidadão tem seu modo próprio de lidar com as emoções, extravazá-las não implica necessariamente uma violência.
Deve-se buscar a melhor maneira, ou a mais sensata de fazer isso. Claro que se você quiser realmente resolver as coisas, irá buscar a forma que mais lhe convenha, nem que seja a mais primitiva delas – sabendo das implicações jurídicas delas, é claro. Mas extravase, isso é o mais importante. A harmonia é um efeito do caos, um produto dele, altamente imprevisível, mas edificada em uma estrutura sólida, como de tijolos.