sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

La vie est belle.

Tenho 19 anos, comecei a viver a pouco tempo. Como uma criança aprendendo a andar, é natural levar seus tombos. Parece-me que quantos mais tombos, melhor é o desempenho dos caminhares no futuro da vida, e ainda sei que ainda irei cair muito. Pensei a vida ser somente uma ideia, pensei a vida ser totalmente real. Aprendi que estava errado nos dois. A realidade não é como vemos e sentimos, mas continua sendo a nossa realidade. É o real para nós.
Pensei as pessoas serem más. Pensei nelas como sendo dotadas de puro interesse, egoísmo. Mas percebi que nós somos animais, acompanhamos nossos instintos, e se eles parecem maus, é para o bem. Aprendi que alguém pode amar tanto outra pessoa que em certos momentos consegue negar a si próprio para o bem da pessoa amada. Sei que isto não é idealismo, pois sou capaz de sentir.
Percebi que a vida não tem absolutos - Exceto talvez a velocidade da luz. O absoluto é uma ideia inventada por alguém para simplificar o belo, que é caótico e finito, ainda que seja muito grande e complexo.
Notei que onde existe a contradição é onde jaz a verdade. Notei também que a verdade não é um valor absoluto e está sempre mudando, levando-me a evidenciar que ela nem ao menos existe.
Entendi que certos conceitos são ideais e não existem na realidade, inventados somente para nos guiar, como a felicidade ou o sucesso.
Aprendi que estou errado, na maioria das vezes, e que isso é bom.
Olhei para a humanidade, ri, depois chorei, e então percebi que ainda tenho esperanças e que a humanidade vencerá. Não através dela, mas dos seus frutos.
Vi que dos conceitos bons surgem os maus. Que onde há o amor, há o ódio, que onde há a paz, há a guerra, e os conceitos se permutam indefinidamente, como se convivessem em harmonia.
Que não há respostas para algumas perguntas como a famosa "a vida tem sentido?", ou "vale a pena existir?". E se há, ainda tenho um bom caminho pela frente para desvendar seus mistérios.
Que nada vale a inteligência para atingir os tão sonhados hormônios que nos fazem felizes, a serotonina. Que não sei ao certo se sermos inteligentes nos faz bem. Nem se somos realmente inteligentes.
Que devemos nos entregar aos instintos, portanto aproveitar a existência, enquanto ela houver.
Que nossa cultura está com os valores invertidos pelas grandes religiões, e que isso está nos pervertendo.
Que viver é muito complexo, e que devemos aprender assim, errando.
Tanta coisa para viver, tão pouco tempo para aproveitar.
Como seria bom ser imortal!
Quero cair, cair cada vez mais, para aprender a viver, para conseguir aproveitar, desvendar alguns dos mistérios da existência, ou pelo menos tentar. A tentativa já me será o suficiente. Quero aprender, sobre qualquer coisa, por mais óbvio que seja, por mais obsoleto, ou simples. Mostrem-me a vida, debulhada em pensamentos, em seus mais irrelevantes detalhes, seus mistérios, suas incertezas. Quero me aventurar nessa montanha sem cume, chegar até onde ninguém jamais chegou.
Ainda tenho 19 anos, da vida não sei nada. Vontade não falta, nem coragem. Preciso apenas aprender a me levantar e sair andando.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Zhuangzi e a Borboleta.

Um dia Zhuangzi sonhou que era uma borboleta, uma borboleta que voava e esvoaçava por todos os lugares, feliz consigo mesmo e fazendo o que desejava. Ele não sabia que era Zhuangzi. De repente ele acorda e lá estava ele, sólido e inconfundível Zhuangzi. Mas ele não sabia se ele era Zhuangzi que sonhara que era uma borboleta, ou uma borboleta que sonhava que era Zhuangzi. Entre Zhuangzi e a borboleta deve haver alguma distinção! Essa é a chamada Transformação das Coisas.
Zhuangzi - Filósofo Chinês.